segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Quem tem medo de Frank Underwood?

O ator Kevin Spacey na pele do inescrupuloso Frank Underwood
A premiada série House of Cards chegou para fazer história no serviço de streamming – distribuição via internet. A trama e as tramóias de Frank Underwood são uma aula de estratégia política, sarcasmo, inteligência e sangue frio. Se começar a assistir, saiba desde já que não vai conseguir parar.


A primeira série produzida originariamente para web, pela Netflix, é um drama político denso, muito bem escrito e viciante. Ganância, corrupção e sexo são os combustíveis de “House of Cards”. Goste ou não de política ou de jogos de poder é difícil quem não se entregue. Remake de uma série da BBC dos anos 90, agora tem como protagonista Frank Underwood (Kevin Spacey), um político que lidera a bancada majoritária da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Underwood fica decepcionado quando descobre que não ocupará o cargo de Secretário de Estado da nova gestão, posto que foi prometido anteriormente a ele, pelo agora recém-eleito presidente. Em vez de aceitar a derrota, Frank decide usar seu conhecimento sobre os bastidores da política para orquestrar sua vingança.

Inteligente, inescrupuloso e um grande estrategista, Underwood usa todo o seu potencial para armar contra o presidente. Envolvente, o texto dos diálogos nem sempre é simples e exige uma certa atenção para não se perder o rumo da história. Achei muito bem sacado, desde o primeiro capítulo da primeira temporada, um olhar que Underwood lança para quem o assiste, diretamente para a câmera, quando elabora comentários irônicos e percepções aguçadas sobre a história que está rolando. Ou seja, é como se ele congelasse o episódio por alguns segundos, para tecer seus comentários indiscretos. Esta bossa, que se transforma numa marca do protagonista, seja talvez a maior responsável por enfeitiçar tanto o espectador. Pelo menos comigo funcionou.







Mas Underwood não está sozinho nas suas canalhices impiedosas. Ao seu lado, ele tem a mulher Claire, a belíssima Robin Write. Ela é a versão feminina do marido, na verdade. Claire dirige uma poderosa ONG que recebe grandes doações de empresas privadas para seus projetos sociais na África. Ele é líder na Câmara dos Representantes dos EUA e depende também de doações para campanhas, ao mesmo tempo em que precisa atender os pleitos dos doadores. E os dois trabalham muito bem juntos, se levarmos em conta os degraus que conseguem alçar sem dar nenhuma importância para a ética política.





Interessante também é ver que a busca implacável de Frank é pelo poder, não pelo dinheiro. Ele não é um corrupto que desvia milhões de cofres públicos ou de doações privadas, ele na verdade faz todas as conspirações para aumentar exclusivamente o seu poder. E destila frases ferinas, como "dinheiro é mansão no bairro errado, que começa a desmoronar após dez anos. Poder é o velho edifício de pedra, que se mantém de pé por séculos. Não respeito quem não sabe distinguir os dois". Veja abaixo as maiores pérolas reunidas nas duas primeiras temporadas.

Frank e Claire: status, poder e vingança

Em meio a lobistas agressivos, chefes de gabinete “paus-pra-toda-obra”, políticos alcoólatras e garotas de programa tem ainda no elenco, claro, a imprensa. Imprensa investigativa, imprensa corruptível, imprensa sensacionalista. Underwood conhece Zoe Barnes (Kate Mara), uma jovem repórter do jornal Washington Herald – referência indireta ao poderoso Washington Post. Ela, ambiciosa, quer que ele lhe dê furos diretamente do Capítólio e da Casa Branca. Ele, sempre focado, usa Zoe para plantar pautas de seu interesse. Até certo momento as coisas vão bem, ela consegue o estrelato no jornalismo político americano e ele avança no seu plano de espalhar algumas intrigas. Rola até um romance entre os dois. Mas esta história não termina nada bem e Zoe acaba sendo assassinada. Por quem? Vá lá e assista você mesmo. Garanto que não será tempo perdido.




Louboutin e gravatas italianas

O cenário Washington, que emana poder, elegância e dinheiro - muito dinheiro diga-se de passagem - é refletido no figurino dos atores e na decoração dos escritórios tanto do Capitólio quanto da Casa Branca. O estilo clássico impecável das bibliotecas, salas de reuniões e corredores são um show à parte. Vale o mesmo para o guarda-roupa do casal diabólico. Frank, apesar de não estar na melhor forma física, brilha nos ternos bem cortados, gravatas italianas e abotoaduras personalizadas. Ela, um verdadeiro escândalo de elegância. Sempre de sapatos Louboutin, veste-se com as cores sóbrias do meio, mas com um bom toque de sensualidade que o corpo esbelto e bem torneado permite. O estilo Claire Underwood está nos blogs de moda americanos desde que a primeira temporada foi lançada, em fevereiro do ano passado.




As melhores e impiedosas frases de Frank Underwood






Dinheiro x poder

"Dinheiro é mansão no bairro errado, que começa a desmoronar após dez anos. Poder é o velho edifício de pedra, que se mantém de pé por séculos. Não respeito quem não sabe distinguir os dois."

Dor

“Há dois tipos de dor: a dor que te torna mais forte e a dor inútil, a que se reduz a sofrimento, não tenho paciência pra inutilidades.”

Sexo x poder

“Um grande homem já disse: tudo é sobre sexo, exceto o sexo. Sexo é sobre poder.”

Amizade

“Amigos se transformam nos piores inimigos.”

Caçada

"Para aqueles de nós escalando até o topo da cadeia alimentar, não pode haver misericórdia. Só há uma regra. Cace, ou seja caçado."

Deus

“Não há nenhum conforto, nem acima nem abaixo, apenas nós… pequenos, solitários, lutando, brigando uns com os outros. Eu rezo para mim mesmo e por mim mesmo.”

Poder

"Poder é muito parecido com o mercado imobiliário. Tudo se resume a localização, localização, localização. Quando mais próximo estiver da fonte, mais valiosa é sua propriedade."

Ainda não assistiu? Então veja lá. Assista já:
1ª e 2ª temporadas completas, disponíveis no Netflix

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